Prefeitura de Barrinha, SP, afasta funcionárias de creche onde bebê de 1 ano foi esquecida
Secretaria de Educação abriu sindicância interna para investigar caso. Inquérito policial foi concluído e indicou maus-tratos.
Duas funcionárias da creche de Barrinha (SP) onde uma bebê de 1 ano foi esquecida dentro do berço foram afastadas do cargo pela prefeitura, segundo a secretária de Educação do município, Maria Brandão.
Creche municipal de Barrinha, SP — Foto: Google Street View
O caso aconteceu no dia 6 de março, na Escola Municipal de Educação Infantil Benedicto Theodoro Menegussi. A bebê ficou, pelo menos, uma hora sozinha no berço depois que a escola fechou.
Em entrevista ao g1 na semana passada, a mãe da menina, a auxiliar de limpeza Geovana Cristina Mariano, de 23 anos, disse que chegou a pensar no pior quando não encontrou a filha ao chegar em casa após o trabalho.
Responsável pela investigação do caso, o delegado Reginaldo Felix disse na tarde de quinta-feira (14) que todos os envolvidos e citados no caso foram ouvidos e o procedimento foi instaurado e encaminhado para o Poder Judiciário de Sertãozinho (SP).
Ele não informou, no entanto, o teor do depoimento das funcionárias.
O inquérito policial apontou crime de maus-tratos, uma vez que a situação expôs a perigo à vida da criança, que estava sob a guarda da creche.
Geovana Mariano, de Barrinha (SP), e a filha, de 1 ano — Foto: Arquivo pessoal
Bebê ficou pelo menos 1 hora trancada em sala
Segundo Geovana, a filha dela foi esquecida dentro do berço da creche depois que a escola fechou, sem que as funcionárias se dessem conta de que a criança ainda estava ali.
A mãe estava no trabalho e contou que tem a ajuda de uma pessoa, que fica responsável por buscar a filha na creche quando ela não pode.
"Eu estava trabalhando e tem uma pessoa responsável que busca ela. A pessoa chegou para buscar e as funcionárias falaram que não tinha mais criança nenhuma e já estavam fechando a creche. Isso era 16h55. Logo depois de uns 15 minutos eu cheguei, aí ela veio me falar que chegou lá para buscar minha filha, minha filha não estava, porque falaram para ela que tinha entregado pra alguém e que já não tinha criança nenhuma dentro da creche. Fiquei desesperada".
Geovana então começou a acionar as pessoas da família que poderiam estar com a criança, mas todos negaram que tivessem passado pela creche.
"Eu moro perto da creche, vim correndo para casa. Até então achei que minha tia tinha pegado ela. Cheguei aqui, minha tia falou que não. Perguntei para madrinha dela, que é minha vizinha, falou que também não, liguei para o pai, liguei para a avó, me falaram que também não tinha pegado ela. Voltei pra porta da creche e vi guardas da rua, que entraram em contato com a diretora. Ela chegou e abriu a porta, aí de repente a gente escuta o barulho da minha filha chorando dentro da sala".
Segundo Geovana, já dentro da creche, elas perceberam que a porta do berçário estava trancada e teve de ser arrombada para que a bebê pudesse ser retirada dali.
"Ela ficou lá dentro quase uma hora e quando a gente pegou ela, ela estava só de fralda e gelada, porque o ar-condicionado estava muito alto. Ela estava chorando, porque estava ouvindo a minha voz, a voz de todo mundo. Ela ficou assustada".